Por Marcia Simões Lopes, colunista do Baixada de Fato:
há 2019 anos, pelo menos, o ser humano tenta esclarecer ao outro,
quem é o bandido!
Foi observando o que as pessoas experientes no assunto diziam sobre o que ocorre no país, na área da comunicação, que eu pude mergulhar e descobrir o que vi, lá embaixo, parado, no lodo do pântano.
Professora e estudiosa de Semiótica, Lucia Santaella cita o “Big Brother” de George Orwell, como “futurismo do passado”. Diz que hoje em dia a forma como a informação é vigiada difere muito de antes. Existem muitos “Big Brother” diz ela. Não na quantidade somente, mas na forma de acontecer.
Na observação da Professora, são os usuários das redes sociais que alimentam a espionagem. Algo além, da imaginação de Goerge Orwell, autor de “1984” livro que narra a história do clássico “Grande Irmão que está sempre observando você” – ideia de Orwell sobre um futuro onde os governos controlariam tudo o que as pessoas fazem e pensam. E foi refletindo a respeito disso tudo que eu pude enxergar melhor, a manipulação da informação, no País.
Semelhante a um “IBGE” pirata e digital, as empresas de comunicação digital especializadas em algoritmos – mais recente meio de comunicação de massa usado principalmente em ambiente político – após mapearem redes sociais de milhões de pessoas, obtendo seus números de telefone e endereços eletrônicos, oferecem esse público, organizado por categorias, aos prováveis clientes.
Desde a campanha de Trump e também nas ultimas eleições para presidente ocorridas no Brasil, as manchetes dos jornais têm denunciado, com constância, notícias sobre fake news (notícias falsas) usadas na política, continuamente.
Como as “fake news” conseguem alcançar a intimidade de cada um, indo de encontro ao “estado de espírito” da pessoa?
Quando baixamos aplicativos ou nos movimentamos pelas redes sociais, deixamos rastros de informações, tais como: assunto que mais agrada, quantidade de vezes acessado, preferências, gostos, local onde estamos, personalidade, comportamento, dados pessoais tais como idade, endereço, nível de escolaridade etc.
Essas informações deveriam – inclusive por Lei – estar protegidas.
Ou seja, não poderiam estar acessíveis a outros; somente disponíveis ao administrador, provedor, donos da rede e afins.
Porém, parece não haver eficiência na segurança das empresas que controlam as redes. Recentemente inclusive, foi denunciado nos EUA grande vazamento de informações de usuários, do Facebook. O dono do FB desculpou-se, publicamente, lamentando a falha na segurança. Houve rumores de que não teria sido falha.
Empresas de comunicação digital com conhecimento em algoritmo rastreiam as redes sociais e se apropriam das informações. Para após, oferecê-las ao cliente. Supondo:
Antonio, político, candidato às eleições.
Antonio, o candidato, cliente da empresa de comunicação digital quer comunicar-se com o público religioso, por exemplo, e vender seu produto: a própria candidatura.
A empresa oferece seus serviços, ao Antonio. Supondo que o político queira atingir além do público religioso, pessoas que estão desgostosas da política. A empresa então organiza a informação e após, com o número do telefone e o endereço eletrônico em mãos, encaminha as mensagens de Antonio ao público solicitado, pelo político.
Antonio optou por enviar às pessoas: “fake news” (mentiras).
A empresa de comunicação digital com conhecimento em algoritmo contratada por Antonio dispara as mentiras, para o
público selecionado.
Esse modelo de “marketing político” foi denunciado nas últimas eleições que aconteceram nos EUA e no Brasil, onde se suspeita sobre o uso dessa forma de comunicação, para espalhar mentiras.
Enganando os cidadãos.
Aperfeiçoamentos científicos na área de algoritmos surgiram de pesquisas realizadas no campo da Inteligência Artificial-AI, especialmente. É o caso dos robôs.
Lançados, em massa, nas redes sociais, robôs com perfis falsos são programados para compartilhar, debater e interagir com outros usuários sobre qualquer tema programado. Igual aos robôs desenvolvidos em pesquisas de AI, para a indústria, os ambientes doméstico, social e outros.
Lembrando que a programação dos robôs tem como base, padrões orientados por seres humanos. São feitos à imagem do seu criador!
Semelhante ao que ocorreu com a descoberta do átomo por Einstein, após usado pelo governo dos EUA para a construção da bomba atômica, a ciência do algoritmo também está sendo utilizada de forma desastrosa, no campo da comunicação. No Brasil e em outros pontos/atividades, do Planeta.
Até pouco tempo atrás eram as Agências de Publicidade que faziam o marketing da campanha, dos candidatos. Agora, os
algoritmos invadem as redes e ganham espaço. Ocupando o lugar da velha forma de “mandar o recado”.
Finalizando a conversa: os usuários das redes sociais – eu, você – são os que alimentam o intruso, o espião. Fomentamos a vigilância daquele que nos observa. Ou seja, sem se que seja nossa intenção, somos colaboradores do sistema de espionagem.
Somados a esse extenso universo onde se obtém a informação, estão os robôs. Capazes de interagir, argumentar e dialogar com qualquer pessoa sobre temas programados, eles estão nas redes, nos aplicativos de mensagens instantâneas como whatsapp por exemplo, adentrando nossas casas e nos oferecendo mentiras.
Meios de espionagem e controle sobre o que as pessoas pensam e fazem, além do que George Orwell foi capaz de imaginar, naquele instante passado e futurista, da sua criatividade.
Uma reflexão sobre descobertas das ciências adaptadas à comunicação em massa levando, em larga escala, fake news à população. Capazes de alterar, de forma devastadora, a verdade!
A consciência é o melhor caminho para hackear o sistema.