Praia Grande

Passou da hora do crowd acordar

De acordo com um levantamento feito pela International Surfing Association (ISA), o Brasil tem 3 milhões de surfistas.

O papel do surfista na preservação ambiental

A velha imagem do surfista vagabundo e drogado está cada vez mais distante da realidade. Pelo contrário, cada vez mais os surfistas são considerados jovens saudáveis, e seu estilo de vida é copiado pela juventude em geral.

É só observar as propagandas e os programas voltados para os jovens, que crescentemente associam o surf com pessoas saudáveis, bonitas e felizes. Basta ir a praia para conferir que a realidade não está longe do que mostram as propagandas. Quem pega onda está sempre de alto astral, bronzeado e acaba ganhando um corpo definido…

Hoje em dia o estilo de vida do surf é o grande modelo seguido pela juventude brasileira. O comportamento da galera do surf dita as tendências: as roupas, os novos points, as novas gírias etc. Alguns empresários já sabem disso, porém os próprios surfistas ignoram este fato, deixando assim de reconhecer o poder que têm junto ao público em geral.

Ao mesmo tempo, por ditar as tendências de comportamento e moda entre a juventude, os surfistas têm então uma responsabilidade muito grande: se fizerem algo de errado, todos irão copiar…

Colocando tudo isso no contexto da preservação do meio ambiente, podemos concluir também que as atitudes dos surfistas servem como exemplo para os demais. Só que aqui no Brasil a galera ainda está bem pouco envolvida com a preservação. Mesmo assim, nós já mostramos nossa força em casos isolados, como a preservação da Prainha, no RJ, na votação do Plano Diretor de Ubatuba, em SP, na votação do Plano Diretor de São Sebastião (SP), na limpeza das praias, em especial o programa Keep da Ocean Clean, patrocinado pela marca Da Hui, na luta contra a avenida beira-mar sobre as dunas da Joaquina, em SC, entre outros.

É alguma coisa, mas ainda é muito pouco para um litoral de quase 8 mil km. Quem surfa sempre e está preocupado com a saúde da sua praia, deve ter em mente que sua atitude é importante e deve ser exemplar. Mas só isso talvez não resolva.

Os surfistas precisam aprender a usar sua força para pressionar os órgãos públicos a tomarem as atitudes certas (fornecer saneamento básico eficiente, fornecer coleta de lixo eficiente, elaborar leis que protejam o ambiente e impeçam a ocupação desordenada, implantar mecanismos eficientes de fiscalização etc), e também para mobilizar a sociedade a favor do meio ambiente, que no fundo é de interesse geral, não é mesmo?!

Em outros países, como Estados Unidos, Inglaterra, França, Austrália, Nova Zelândia etc, a comunidade surfística possui forte representação e influencia os empreendimentos relacionados à zona costeira. Em alguns lugares, surfistas agem fiscalizando e monitorando as condições das praias, alertando as autoridades sobre qualquer ato ilegal ou suspeita de poluição. Além disso, surfistas são sempre consultados sobre eventuais obras ou eventos que vão ocorrer em suas praias.

Por que isso não acontece por aqui, onde ocorre o contrário e os surfistas são ignorados? E por que existe essa omissão dos mesmos, e só em casos isolados a galera se mobiliza em prol do meio-ambiente?

Talvez seja necessário conscientizar os surfistas e os políticos sobre a força da comunidade surfística e, principalmente, do seu papel de ditar novas tendências e atitudes.

Enquanto isso não acontece, e conseguimos apenas algumas vitórias parciais, continuamos assistindo a degradação geral de nosso principal habitat: a praia e a natureza que a cerca.

(Por Denis Abessa – Waves)

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